Rio - Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 13
leitos de internação hospitalar por dia. O Rio de Janeiro foi o estado que mais
desativou leitos destinados a pacientes que precisam permanecer num hospital
por mais de 24 horas, à frente de Minas Gerais (- 3.241 leitos) e São Paulo (-
2.908). Neste período, foram fechados 7 .052 leitos nos hospitais fluminenses,
aproximadamente 30% de todos os leitos desativados no país.
Entre as capitais, foram os cariocas os que mais perderam
leitos na rede pública (-2.503), seguidos pelos moradores de Fortaleza (-854) e
de Brasília (-807). Em dezembro de 2010, o país dispunha de 335,5 mil deles
para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Em dezembro do ano passado,
o número baixou para 312 mil — 23.500 leitos a menos para a população.
A denúncia foi feita pelo Conselho Federal de Medicina
(CFM) junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do
Ministério da Saúde. As especialidades mais afetadas são psiquiatria, pediatria
cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. Já os leitos destinados à ortopedia e
traumatologia foram os únicos que sofreram acréscimo superior a mil leitos.
Para o presidente do Conselho, Carlos Vital, a falta de
leitos vivida diariamente por médicos e pacientes nos hospitais brasileiros
provoca atrasos no diagnóstico e no início do tratamento que aumentam a taxa de
mortalidade. “A insuficiência de leitos para internação ou realização de
cirurgias é um dos fatores que elevam o tempo de permanência nas emergências.
São doentes que acabam ‘internados’ nas emergências à espera de encaminhamento
para um leito adequado, correndo riscos de contrair infecções”, constata.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a maior parte dos
leitos fechados pertenciam aos hospitais particulares que prestavam serviço ao
SUS. O órgão acrescentou que na rede pública o número de leitos cresceu 6%.
Para o 1º secretário do CFM, Hermann Tiesenhausen, o fechamento de hospitais filantrópicos é uma consequência do congelamento da tabela de pagamentos do SUS, relativa aos procedimentos médicos. “Na realidade atual, como a doença não avisa, só resta ao usuário do SUS rezar para não adoecer e não precisar de internação hospitalar”, critica.